O Uirapuru é um pássaro que habita a Floresta Amazônica. Dizem que ele tem o canto mais triste da floresta e também o mais lindo. Os índios da Região Norte contam a seguinte lenda para explicar a origem de tão curioso pássaro.
Em uma tribo viviam suas índias nascidas no mesmo dia e de igual beleza. Tornaram-se amigas durante a infância. Inseparáveis, era excepcionalmente difícil ver uma desacompanhada da outra.
Faceiras e habilidosas chamavam a atenção de todos os guerreiros da tribo. No entanto, não encorajavam o afeto de nenhum. É que ambas já haviam dado o coração ao mesmo guerreiro, o filho do cacique e sendo tão amigas, decidiram que nenhuma delas jamais lançaria seus encantos sob ele. Assim, preservariam a amizade que as unia e poderiam desfrutar da companhia do guerreiro.
Ocorreu, no entanto, que tendo envelhecido o cacique e encontrando-se bastante adoentado, determinou que seu filho deveria substitui-lo como chefe da nação indígena e, para tanto, deveria se casar.
O jovem guerreiro viu-se apanhado em uma armadilha pois amava com igual fervor as duas amigas não tendo conseguido nunca se decidir com qual delas deveria se casar.
A decisão coube aos anciãos da tribo: seria realizado um torneio entre as duas amigas. A campeã se casaria com o futuro cacique.
Por sete dias as amigas treinaram temendo o dia do torneio pois não queriam abrir mão de tão antiga amizade. A tribo se preparou para o casamento e para a cerimônia onde o novo cacique seria designado.
Iniciou-se a competição. Para admiração geral em tudo a aptidão das amigas se equivalia: Atravessaram o rio na mesma velocidade, foram igualmente valentes e corajosas durante a caça; na pesca ninguém conseguiu definir qual peixe era maior, mais bonito ou mais raro, de modo que optou-se por declarar empate.
Faltava apenas a prova de arco e flecha. Cada uma deveria atingir um pássaro em pleno vôo. As amigas se olharam com carinho e envergaram o arco. As flechas saíram ao mesmo tempo, com igual velocidade. Porém apenas uma atingiu o alvo. A vencedora foi aclamada e casou-se com o novo cacique.
A outra, contudo, sentindo a decepção pela amizade perdida começou a definhar, sua tristeza era constante. E era tanta que toda tribo sentiu-se compadecida pela moça.
Um dia, saiu de sua oca e procurou o pajé. Disse que estava morrendo de tristeza e saudades da amiga e do novo cacique. Achava que se pudesse vê-los, saber que estavam felizes, talvez pudesse ser feliz também.
O pajé preparou uma beberagem, explicou que poderia transformá-la em um passarinho, assim ela poderia voar até a oca dos noivos e matar a saudade sem ser percebida.
Assim foi feito.
A linda índia porém não encontrou consolo para sua tristeza. Os noivos estavam tão felizes que ela achou que haviam se esquecido dela.
Não queria mais voltar a ser gente. como pássaro poderia pelo menos estar perto das duas pessoas que mais amava.
Tupã, compadecido daquele pássaro tão triste quis que ele tivesse ao menos uma alegria e deu-lhe o canto mais bonito da floresta.Para que quando cantasse conseguisse esquecer sua tristeza.
Ainda hoje, quando o Uirapuru canta, todos os pássaros se calam para ouvir.
Dizem que quem ouvir o uirapuru cantar encontrará a felicidade.
Uirapuru |
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